terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nada de auto censura, nada de coisinhas simpáticas só pra ter comentários bonitinhos, nada de angústia a flor da pele. Nada de palavras pré-fabricadas, intencionalmente usadas, previamente programadas.Quero escrever, só. Resolução de ano novo. Escrever porque até o amor se dilui no tempo.
Hoje eu quero escrever palavras que não são minhas, mas bem que podiam ser, porque quando faço aniversário não consigo fugir do fardo do tempo nos ombros. Lá vai:


EMBRIAGUE-SE - Charles Baudelaire
É preciso estar sempre embriagado.
Isso é tudo: é a única questão.
Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão:
"É hora de embriagar-se!
Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser".

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