Sabe aquela vontade que dá no meio de uma tarde qualquer?Vontade de brigadeiro, de correr, de ir ao cinema, de falar com um amigo distante, de perturbar o irmão. Pois é. Deu vontade de ser velha. Ser velho é ser livre. Ser velho é não ter pressa, não ter obrigação.Envelhecer é deixar pra trás a cobrança de ser o mais popular, o mais bonito, o mais inteligente, o melhor dos seres humanos de todo o mundo.Envelhecer é dar lugar as rugas, ao bem estar, a fazer o que se quer, quando se tem vontade.Vejo isso na minha vó.
Um sábado desses assisti ao filme O Palhaço. Lindo, como eu sempre achei que deva ser um filme sobre circo.Um tanto de magia e alegria e também um punhado de realidade e equilíbrio. Antes mesmo do filme acabar resolvi tirar da gaveta o projeto mofado de escrever sobre minha família de artistas. Família ...não tem um um que seja a cara do outro.Família leve e forte.
Já ouvi todo tipo de comentário por ser de uma família circense: "Que Lindo"," palhaça"," mas você é meio artista, não é a pessoa que eu quero pra mim". O campeão é : "você sabe fazer o quê?" sem graça, digo,ah! eu só passava férias no circo. Artista, artista mesmo, não sou não.
Quando acho que não vão rir deixo escapar que legal mesmo é ser a partner do mágico. Ser cortada ao meio e em segundos estar refeita! Sair de dentro da mala das espadas, virar flor, pássaro, coelho!Ser e não ser!Minhas melhores lembranças da infância. Tirando a Jane, é claro. Minha elefanta de estimação.
Até que hoje à tarde me atentei de que não quero mais ficar pelo caminho. Ser obra inacabada. Já que não sou artista por inteiro, ao menos quero ser livre por inteiro.
Nesse passeio entre ser velha, livre e artista cheguei na minha Vó Terezinha. Ela é a primeira escolhida da família a se apresentar ao público, não no picadeiro, aqui no meu blog.
segunda-feira, 26 de março de 2012
O LONGO CAMINHO DO CORAÇÃO FEMININO
Não há como escapar. Eu, fugidia, disfarço, mudo de assunto.Inútil.O assunto da hora é casamento. No almoço de domingo, na hora do cafezinho do trabalho, nas cerimônias religiosas ou não. Passaram as festas de quinze anos, as formaturas, a comemoração do primeiro emprego. O casamento tá na crista da onda, reina sozinho. E como isso me incomoda.
Minha mãe casou três vezes, nenhuma deu certo. Não a culpo pelos meus medos, mas considero ter bastante experiência em separação. Sei a dor de ir embora e ainda mais a de ficar.Procurar o outro pela casa, quase chamar pra ver a matéria na tv, comer ouvindo o barulho da própria mordida. A frase do poetinha " do riso fez-se o pranto", sem dramas, é bem real. Onde havia burburinho, casa cheia, briga pelo controle remoto, há silêncio. Depois de um tempo a gente aprende a viver assim e até gosta, mas não sem dor.
Bem, acho que já é uma boa introdução pra eu dizer o quanto NÃO quero me separar.NÃO, eu não quero. Por isso casar, pra mim, é uma decisão irrecorrível, não dá pra voltar atrás. Não dá pra errar.
Então, sempre que sei do casamento de alguém, ainda que não seja íntimo, pergunto "mas você tem certeza?Como você descobriu que era ele(a)?Quais são os sintomas? Busco, em vão, o caminho mais seguro.
Paguei caro o preço da dúvida, de não decidir no momento certo. Fui incompreendida, a mais complicada, bicho de sete cabeças. Hoje, só hoje, eu prefiro rir com texto do blog do Carpinejar:
"Se você está casado, é um vencedor. Merece cada volta completa na rede. Cada ronco do mate. Sobreviveu a toda a desconfiança feminina, a todos os testes que sua musa impôs a um relacionamento.
Se usa aliança na mão esquerda, desbancou superstições, crendices e conselhos. Já pode escrever um livro de autoajuda e descrever sua façanha.
Desde os três anos, a mulher responde a enquetes sobre como ser feliz no romance. É veterana no assunto. Seus olhos carregam o pdf da Sabrina (o pretendente pode fazer download no primeiro encontro).
O matrimônio é uma batalha épica somente igualável à fecundação. No seu percurso até o óvulo, o espermatozoide teve que enfrentar inimigos como os espermicidas e o preservativo, barreiras biológicas como o baixo pH vaginal e glândulas mucosas e vencer a licitação pública de 200 a 500 milhões de espermatozoides.
Em seu caminho ao coração de sua dona, não há moleza. Condicionado a achar a saída do labirinto do mapa astral, convergir com os horóscopos, fechar com o retrato falado da revista Capricho, saciar as sinopses dos filmes favoritos e atender as expectativas das canções de Chico Buarque. Não é tarefa para fracos e pobres de espíritos.
Justifica receber de presente o pay per view da Libertadores.
Escapou da sabatina do Congresso do Amor, resistiu à CPI da Transparência, desmentiu suspeitas durante o namoro, abriu as contas no noivado. Deixou para trás ciganas loucas por um cigarro, e saiu ileso das profecias da cartomante em alguma tenda ou fundos de residência (sua cara-metade ouviu o jeito que você seria no tarô, e cruzou as informações com suas palavras e atitudes minuto a minuto).
Não foi barbada. Sua esposa mantém uma câmera escondida no rosto, confirmando evidências e comparando padrões. Ela não escuta, analisa. Não fala, soluciona. Não esquece, guarda arquivos temporários.
Se você está casado, é um afortunado. Valorize a si mesmo. Ou cumpriu o impossível, ou sua mulher deu cola para você passar na prova e subir ao altar."
Fabrício Carpinejar.
Minha mãe casou três vezes, nenhuma deu certo. Não a culpo pelos meus medos, mas considero ter bastante experiência em separação. Sei a dor de ir embora e ainda mais a de ficar.Procurar o outro pela casa, quase chamar pra ver a matéria na tv, comer ouvindo o barulho da própria mordida. A frase do poetinha " do riso fez-se o pranto", sem dramas, é bem real. Onde havia burburinho, casa cheia, briga pelo controle remoto, há silêncio. Depois de um tempo a gente aprende a viver assim e até gosta, mas não sem dor.
Bem, acho que já é uma boa introdução pra eu dizer o quanto NÃO quero me separar.NÃO, eu não quero. Por isso casar, pra mim, é uma decisão irrecorrível, não dá pra voltar atrás. Não dá pra errar.
Então, sempre que sei do casamento de alguém, ainda que não seja íntimo, pergunto "mas você tem certeza?Como você descobriu que era ele(a)?Quais são os sintomas? Busco, em vão, o caminho mais seguro.
Paguei caro o preço da dúvida, de não decidir no momento certo. Fui incompreendida, a mais complicada, bicho de sete cabeças. Hoje, só hoje, eu prefiro rir com texto do blog do Carpinejar:
"Se você está casado, é um vencedor. Merece cada volta completa na rede. Cada ronco do mate. Sobreviveu a toda a desconfiança feminina, a todos os testes que sua musa impôs a um relacionamento.
A mulher tem um Desenvolvimento de Recursos Humanos na alma para escolher seu par perfeito. Um Hans Christian Andersen introjetado para recrutar parceiros.
Ela não se casa com qualquer um, é uma longa seleção a partir de contos de fadas como A Pequena Sereia, Os Sapatinhos Vermelhos, A Princesa e a Ervilha e A Polegarzinha.
Se usa aliança na mão esquerda, desbancou superstições, crendices e conselhos. Já pode escrever um livro de autoajuda e descrever sua façanha.
Desde os três anos, a mulher responde a enquetes sobre como ser feliz no romance. É veterana no assunto. Seus olhos carregam o pdf da Sabrina (o pretendente pode fazer download no primeiro encontro).
Se você está casado, é um vitorioso. Superou concorrentes desleais e pré-requisitos dificílimos. Escapou das premonições da sogra, que vivia dizendo a sua filha com quem ela poderia se envolver e de quem não deveria nem se aproximar, driblou o olho gordo dos cunhados e do sogro, que tentaram desqualificar a aproximação de ectoplasmas masculinos. Ninguém ajudou a chegar aonde você se encontra, no lado direito ou esquerdo da cama, com direito a um abajur e uma gaveta no criado-mudo.
O matrimônio é uma batalha épica somente igualável à fecundação. No seu percurso até o óvulo, o espermatozoide teve que enfrentar inimigos como os espermicidas e o preservativo, barreiras biológicas como o baixo pH vaginal e glândulas mucosas e vencer a licitação pública de 200 a 500 milhões de espermatozoides.
Em seu caminho ao coração de sua dona, não há moleza. Condicionado a achar a saída do labirinto do mapa astral, convergir com os horóscopos, fechar com o retrato falado da revista Capricho, saciar as sinopses dos filmes favoritos e atender as expectativas das canções de Chico Buarque. Não é tarefa para fracos e pobres de espíritos.
Justifica receber de presente o pay per view da Libertadores.
Escapou da sabatina do Congresso do Amor, resistiu à CPI da Transparência, desmentiu suspeitas durante o namoro, abriu as contas no noivado. Deixou para trás ciganas loucas por um cigarro, e saiu ileso das profecias da cartomante em alguma tenda ou fundos de residência (sua cara-metade ouviu o jeito que você seria no tarô, e cruzou as informações com suas palavras e atitudes minuto a minuto).
Não foi barbada. Sua esposa mantém uma câmera escondida no rosto, confirmando evidências e comparando padrões. Ela não escuta, analisa. Não fala, soluciona. Não esquece, guarda arquivos temporários.
Se você está casado, é um afortunado. Valorize a si mesmo. Ou cumpriu o impossível, ou sua mulher deu cola para você passar na prova e subir ao altar."
Fabrício Carpinejar.
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