segunda-feira, 26 de março de 2012

À Vovó Terezinha.

Sabe aquela vontade que dá no meio de uma tarde qualquer?Vontade de brigadeiro, de correr, de ir ao cinema, de falar com um amigo distante, de perturbar o irmão. Pois é. Deu vontade de ser velha. Ser velho é ser livre. Ser velho é não ter pressa, não ter obrigação.Envelhecer é deixar pra trás a cobrança de ser o mais popular, o mais bonito, o mais inteligente, o melhor dos seres humanos de todo o mundo.Envelhecer é dar lugar as rugas, ao bem estar, a fazer o que se quer, quando se tem vontade.Vejo isso na minha vó.
Um sábado desses assisti ao filme O Palhaço. Lindo, como eu sempre achei que deva ser um filme sobre circo.Um tanto de magia e alegria e também um punhado de realidade e equilíbrio. Antes mesmo do filme acabar resolvi tirar da gaveta o projeto mofado de escrever sobre minha família de artistas. Família ...não tem um um que seja a cara do outro.Família leve e forte.
Já ouvi todo tipo de comentário por ser de uma família circense: "Que Lindo"," palhaça"," mas você é meio artista, não é a pessoa que eu quero pra mim". O campeão é : "você sabe fazer o quê?" sem graça, digo,ah! eu só passava férias no circo. Artista, artista mesmo, não sou não.
Quando acho que não vão rir deixo escapar que legal mesmo é ser a partner do mágico. Ser cortada ao meio e em segundos estar refeita! Sair de dentro da mala das espadas, virar flor, pássaro, coelho!Ser e não ser!Minhas melhores lembranças da infância. Tirando a Jane, é claro. Minha elefanta de estimação.
Até que hoje à tarde me atentei de que não quero mais ficar pelo caminho. Ser obra inacabada. Já que não sou artista por inteiro, ao menos quero ser livre por inteiro.
Nesse passeio entre ser velha, livre e artista cheguei na minha Vó Terezinha. Ela é a primeira escolhida da família a se apresentar ao público, não no picadeiro, aqui no meu blog.

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